Acordo na manhã de
terça-feira, porém não é essa uma terça qualquer, hoje completa sete dias que
perdi o grande amor da minha vida, meu amor de infância, minha primeira paixão
meu primeiro beijo. A menina que cheguei a amar mais do que a mim mesmo que foi
tirada de mim tão rápido como um piscar de olhos. Amanda, minha primeira e
única namorada, morreu há sete dias vítima de uma bala perdida que a atingiu
direto no peito a levando a morte instantânea, me deixando nesse mundo
sombrio sozinho. Lembro-me até hoje quando ela havia saído de casa dando-me um
beijo, um último beijo, dizendo: Te amo.
Nossa
relação sempre foi em perfeita harmonia, desde o nosso primeiro beijo, até essa
despedia, até então sem saber que seria a última. Nunca tivemos vergonha de
demonstrar como nosso amor era, porque ele era real, tão palpável quanto o chão
que pisamos a cada dia, igual ao vento que não podemos ver mais sentimos contra nossa pele e eu
sei que as outras pessoas também sentiam o quanto éramos felizes um com o
outro, nunca havíamos brigado e todos os pequenos desentendimentos eram
esquecidos tão rápido quanto um suspiro.
Um
toque, um abraço era todo o que poderia pedir nesse momento, fico deitado na
cama, mas não consigo dormir, penso em apenas em nossa vida juntos, também penso
em minha vida daqui para frente, não consigo ver absolutamente nada em minha
frente, apenas escuridão. O que será da minha vida sem Amanda para dividir cada
momento feliz a meu lado, sem aquele lindo sorriso, sua voz doce e a calma com
que falava. Muitos já vieram me falar “Pedro você só tem 20 anos”, “Ainda nem
terminou a faculdade”. Mas eles não sabem como nossas vidas eram entrelaçadas
pelo destino, e o mesmo destino quis tirá-la de mim.
Paro
em frente ao espelho, vejo o homem que me transfigurei em apenas uma semana,
desde a ligação da polícia para meu celular pedindo para comparecer no IML que
não passava de alguns quarteirões de nossa casa, na qual dividimos há quase
três anos desde que iniciamos a faculdade, lembro da nossa primeira noite aqui,
do nosso primeiro beijo, da primeira vez que fizemos amor dentro dessas
paredes, logo depois de terminarmos nossa mudança, da troca de caricias
naquela noite chuvosa, comum do verão carioca. Lembro-me das inúmeras juras de
amor que trocamos durante todos esses anos: “Eu te Amo”, “Eu te Amo mais”.
Uma lágrima
silenciosa desce pelo meu rosto, não faço questão de enxuga-la, já que são
tantas que saem a cada dia, a cada hora. Desde o momento em que me levanto até
a hora em que volto para dormir, sempre que passo minha mão no lado da cama de
Amanda, sempre que sinto seu cheiro que ainda está no travesseiro que continua
intacto a meu lado durante todos esses dias, eu só gostaria de ouvi-la mais uma
vez, de sentir seu toque, sentir sua respiração contra meu corpo sempre que nos
abraçávamos. Estou com saudades da sua risada, das suas lágrimas que muitas
vezes molhavam minha camisa, sempre que víamos um filme romântico.
Tivemos
nosso próprio romance, porém com um final triste, um final que ainda dói em meu
peito cada vez que respiro, cada vez que olho para a parece de nosso quarto,
olhando para as dezenas de fotografias nossas grudadas ali, eu só queria poder
tocar seu rosto mais uma vez, acariciar suas bochechas, poder dizer mais uma
vez, uma última vez o quanto a amo. Gostaria de saber o quanto a vida pode ser
tão cruel, para com pessoas como a mim, e como todos que cercavam Amanda, todos
que conhecia o quanto aquela menina era espetacular, mais uma lágrima desce
pelo meu rosto, acompanhada agora com uma pontada no peito. Todas as vezes que
me refiro a ela no passado sinto meu estomago embrulhar, meu coração apertar e
mais lágrimas ganharem espaço em meu rosto, caindo pelo chão.
Tiro
toda a barba que cresceu durante esses dias tão sofridos, Amanda odiava quando
deixava minha barba crescer, ela não gostava dela arranhando seu rosto sempre
que nos beijávamos, então sempre a deixei cortada, tudo para agradar o grande
amor da minha vida. Sempre me perguntaram por que amava tanto aquela garota, e
eu nunca soube explicar, nunca consegui formar uma frase a altura do que sentia
por ela, Eu simplesmente a amo, e nenhuma palavra poderia chegar à margem do
que sinto por ela, sempre fui zoado pelos meus próprios amigos, por sempre ter
sido fiel a ela, mesmo tendo inúmeras oportunidades para traí-la e sempre disse
a mesma coisa: ‘tudo o que mais queria no mundo estava nela’ e nada poderia
mudar o que sinto por ela, alias nada poderá mudar. Já se passaram longos sete
dias e até então meu amor por Amanda continua o mesmo, não diminuiu por um
segundo, apenas aumentou, passei essa semana lembrando-me de cada pequeno
detalhe de Amanda e hoje é o dia escolhido pelo homem para prestar minha
última homenagem.
Depois
de um longo banho e muita outras lágrimas extravasarem do meu corpo, coloco meu
terno favorito, na verdade o terno favorito de Amanda, o que ela escolheu para
eu usar no casamento de seu irmão, no qual fomos padrinhos, algumas semanas
antes de nos mudarmos, no mesmo casamento no qual Amanda pegou o buquê da
noiva, e onde trocamos outras inúmeras juras de amor. Das quais levarei pelo
resto da vida, da minha vida.
Saio
pela porta segurando o último retrato revelado pela Amanda, nossa última
fotografia, nosso último sorriso gravado para sempre em minha memória e nessa
foto na qual tenho olhado por todos esses dias, na qual estarei segurando assim
que o padre me chamar para prestar minha homenagem, que não será a última com
certeza. Podem-se passar sete dias, sete meses ou sete anos. Pelo resto da
minha vida, enquanto aqui viver...
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