"Escrever é um jeito de se expressar, e só um escritor de verdade consegue fazer isso direito." - Fabrício Medeiros
Blog: Estúdio Literário
Escritor: Fabrício Medeiros
Editora: Interlúdio
Entrevistador: Beto Santos
Beto: Olá Fabrício! Você e o Ícaro Trindade, que já entrevistei semana passada eram os escritores que mais tive vontade de entrevistar! Está sendo uma honra ter essa conversa com você!
R: É ótimo saber disso, Beto. Fico honrado, e é um prazer
poder conversar com você.
Beto: Quem são
seus escritores favoritos? Tem algum livro em especial?
R: Então, eu gosto muito de ler de tudo, conhecer um pouco
de tudo também, como escritor, sempre há algo pra se absorver de algum outro
livro. Uma autora que sempre me ensina algo novo quando releio um livro dela é
Cornélia Funke, e acho que Coração de Tinta dela deveria ser leitura
obrigatória a todo escritor.
Beto: O que te
inspirou a escrever?
R: Acho que a maioria dos leitores recorreu aos livros para
se encontrar ou se perder, meio que como uma fuga do mundo real. Eu acredito
que eu li muito e chegou um momento que só ler não bastava, eu precisava
escrever também, criar meu mundo também. O que me levou a escrever, tenho quase
certeza, foi a necessidade de me expandir também.
Beto: Pra você o
que é ser escritor?
R: Acho que mais importante do que vender milhares de livros
é escrever e ser entendido, é ver que os leitores se identificam com aquilo.
Acho que escrever é um jeito de se expressar, e só um escritor de verdade
consegue fazer isso direito.
Beto: De onde
veio a vontade de se tornar um escritor?
R: Quando comecei a escrever e vi que estava dando certo,
que as pessoas estavam gostando do que liam, quando se empolgavam tanto quanto
eu, eu senti que era isso o que eu queria fazer, era isso o que eu queria ser
quando crescer, escritor.
Beto: Além de ser
escritor, tem alguma outra profissão?
R: Presto serviços como designer enquanto não estou
estudando, fazendo capas, diagramações, mas em geral, sempre mexendo com
livros.
Beto: Dizem por
ai que usa um codinome para escrever alguns livros. Não precisa dizer o seu
pseudônimo, porém pode nos dizer se isso é verdade?
R: Sim! É verdade, sim. E tem sido uma experiência incrível.
Beto: Por que resolveu fazer essa separação?
R: Como Fabrício Medeiros eu acabei criando uma
personalidade literária, escrevendo romances fantasias, dramas e aventuras. O
pseudônimo foi uma oportunidade de mudar um pouco o roteiro, de fugir do que eu
habitualmente escrevo, meu pseudônimo me serviu para explorar a literatura além
da minha zona de conforto. No começo era mais informal, um nome no wattpad
publicando algumas histórias bobas, que eram exclusivamente meu alivio nos
momentos de bloqueio criativo, entre um livro e outro eu escrevia algo com o
pseudônimo, e quando me dei conta lá estava um livro completo. E mais
interessante ainda foi que o feedback foi tamanho, que eu me surpreendi. Muita
gente lia, e comentava e indicava, e eu adorei a experiência, porque sem
precisar usar meu nome as pessoas começaram a me ler sem me conhecerem.
Beto: O que acha
da literatura Brasileira? Tem algum escritor brasileiro favorito?
R: Eu consumo muito literatura brasileira, porque é o que
está competindo comigo no mercado, querendo ou não eu preciso acompanhar. E eu
sou apaixonado por literatura brasileira, existem novos autores por todos os
cantos do país que escrevem tão bem quanto qualquer outro de outra parte do
mundo. E o que mais me inspira é a personalidade brasileira que cada autor
expressa, minha estante é 80% nacional. Sou suspeito para eleger um favorito,
gosto de muitos, de verdade.
Beto: O que tem a falar-nos da literatura
religiosa? Como vê as demandas de livros espiritualistas como as do Chico
Xavier, R.R. Soares, Edir Macedo, Zibia Gaspareto, Marcelo Rossi e Fabio de
Melo?
R: Acho que cada linha editorial tem o seu mercado, cada
gênero tem o seu público, e existem livros literários e livros meramente
comerciais, mas todo livro acrescenta de um jeito ou de outro algo em cada
leitor.
Beto: O que
tem a nos falar sobre das novas mitologias que iniciou com J.K. Rowling (Harry
Potter) e se espalhou por vários escritores como as sagas Crepúsculo, Diários
de um Vampiro, Sussurro entre outros?
R: Muito livro bom surgiu depois de Harry Potter, e acho que
J. K. veio para gritar pro mundo que QUALQUER UM pode ser um escritor. Depois
dela foi comum o surgimento de sagas e séries sobre os mais variados temas.
Ainda não conclui nenhuma série, mas admiro muito quem consegue. Escrever série
é algo difícil e trabalhoso. A única coisa que não gosto é quando uma série se
torna comercial, perde o seu conteúdo prolongando-se por volumes intermináveis,
quando a história já foi mais que suficiente.
Beto: O que acha
dos escritos homoafetivo que estão surgindo rapidamente e dos personagens gays
de novelas como o Niko e o Felix ou a Marina e a Clara?
R: Eu amo todos os autores que escrevem literatura LGBT,
todos mesmo. E acho incrível a coragem de têm para pegar um tema tão pouco
abordado e movimentar tão rápido o mercado. Isso é incrível. Todo livro traz
uma história, algo para se ensinar, e os livros com essa temática são os que
mais ensinam sobre humanidade. Acho que personagens como esses são essenciais
em qualquer história, por serem parte do mundo real, mais plausíveis que anjos
e vampiros, e mais fortes ainda. Já criei alguns personagens do tipo, e foi uma
experiência indescritível, algo que tenho orgulho e que farei outras vezes.
Beto: Ouvi dizer
que está com um projeto de uma editora, conte-nos mais sobre isso!
R: Sim! Tive o prazer de poder fazer parte da Editora
Interlúdio. Depois de algumas experiências editoriais e algumas decepções e
surpresas, acabei descobrindo que existe editora que publica qualquer coisa,
mas qualquer coisa mesmo por dinheiro. A Interlúdio veio para quebrar isso,
veio para trazer livros bem trabalhados, com personalidade e conteúdo. A
Editora Interlúdio é aberta exclusivamente para novos autores, querendo levar
uma boa primeira experiência para esses autores.
Beto: Tem algum
sonho que ainda não concluiu?
R: Sim, vários. Não são bem como sonhos, são mais como
metas, lugares onde ainda sonho em chegar.
Beto: Como se vê
daqui cinco anos?
R: Dando aula de português em alguma escola, escrevendo e
editorando em meu tempo vago. Imagino um futuro simples, fazendo as coisas de
que realmente gosto, ensinar e escrever.
Livros:
Beto: O livro o
Sol da Meia Noite, publicado pela editora Multifoco (1ª edição) fora o seu
primeiro livro lançado, certo? Como foi a experiência de publicar e como foi a
experiência com a editora?
R: O primeiro livro publicado é extasiante, pegar no livro
impresso é sentir liberdade pra dizer: Eu consegui. Eu sou um escritor. Eu fiz
isso. É incrível, algo que só se sente uma vez. Depois disso tudo acontece mais
rápido. O Sol da Meia-Noite foi o famoso divisor de águas, o livro que me abriu
as portas. A Multifoco foi a primeira editora que me deu oportunidade, e sou
grato a isso por ela, mas infelizmente tive de deixá-la, porque "O
Sol" não se encaixava na linha editorial da editora.
Beto: Como surgiu
a ideia de criar esse livro, que pelo que sei, fala de um jeito diferente o
conto de fadas de “A Bela e a Fera”?
R: O Sol da Meia-Noite é aquela história que me ocupou quando
ainda tinha 14 anos logo quando comecei a ter problemas com insônia. De certa
forma, O Sol é aquele livro que eu gostaria de ler, que eu gostaria de pegar em
uma livraria e comprar. Eu escrevi o Sol para mim. Sempre fui apaixonado por
Contos de Fadas, e achei perfeito a junção de algumas lendas com o cenário
sempre noturno do polo norte. O Resultado se pode conferir no livro.
Beto: Qual livro
mais gostou de escrever? Qual foi o mais rápido?
R: O que mais gostei de escrever foi o primeiro escrito em
pseudônimo, acho que mais pela experiência, e pelo retorno que ele gerou
imediatamente. Fosfeno foi escrito em tempo recorde, em apenas um mês, e eu
amei como a história se completou e se moldou frenética.
Beto: Como o wattdap pode ajudar um escritor?
R: O Wattpad é o que separa o escritor e o leitor. Publicar
um livro lá é correr o risco de ser lido. O Wattpad consegue aproximar tanto o
leitor e o autor que isso acaba se tornando um incentivo à escrita. Escrever no
Wattpad é ótimo, e indico sem dúvidas para qualquer um, quer leve escrita à
sério, ou só como um hobbie.
Beto: Sua família
o incentivou?
R: No começo eles não sabiam, e só descobriram quando eu
cheguei e disse: "Escrevi um livro, e vou publicar com a Multifoco.
Preciso que você assine o contrato." Meu pai ficou surpreso, mas depois
disso todos se movimentaram. Meus amigos sempre souberam, e claro, foram os que
mais se empolgaram. Como na época eu ainda era novo, 15 anos apenas, muito eu
fiz sozinho, mas o que não podia fazer sozinho recebi a ajuda de muitas pessoas
boas.
Beto: Qual seu
gênero literário favorito para escrever?
R: Eu tenho tentado escrever de tudo, tentado me identificar
e me exercitar nisso também, porque escrever é como fazer academia, se você
parar os músculos se atrofiam. Eu sempre me senti confortável escrevendo
romances fantasia, mas tenho me descoberto muito nos contos também, e na
poesia, então acho que ainda estou indeciso quanto ao meu favorito.
Beto: Muitos
escritores iniciantes estão lendo a sua entrevista, qual o conselho você daria
para eles de escritor para escritor? Gostaria de deixar algum contato?
R: Acho que o mais importante de tudo, como disse antes e o
que faz a coisa dar certo, é acima de tudo escrever um livro que você
exclusivamente gostaria de ler, aquele livro que te chamaria atenção em
qualquer lugar. Já vi muito gente começando com tendências do mercado,
escrevendo sobre o que todo mundo está lendo. Quase nunca isso dá certo. Estou
aberto a qualquer pergunta no meu email: fabrícioalvesmedeiros@hotmail.com.
Beto: E para os
leitores, não escritores, tem algo a dizer? Gostaria de deixar algum contato ou
pagina ou site?
R: Vocês é quem fazem o show, não a banda, se não houvessem
leitores ninguém escreveria. É maravilhoso quando um leitor dá um feedback,
manda um comentário na página ou no email, é o combustível para a criatividade
de todo autor. Continuem, só continuem.
Beto: Para
finalizar: De Fabrício para Fabrício?
R: Acho que preciso melhorar muito, em tudo. Mas de certa
forma continuar o mesmo. Evoluir sempre, melhorar, mas não mudar. É isso.
Beto: Agradeço
por responder todas as perguntas, e como eu disse no começo, você é um dos
escritores que mais quis entrevista-lo, um sonho realizado! Fique com Deus e
boa sorte em tudo que você fizer! És um grande escritor! Tem um enorme
potencial!
R: Ah, obrigado, Beto, foi um enorme prazer, de verdade.
Fico muito feliz com isso. E muito obrigado, o mesmo em tudo para você.
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