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Rascunhos da Ju - Vingança Redentora (parte 3)


           Olá, meus amores! Essa é a penúltima parte de Vingança Redentora (ah!); pois é, infelizmente está acabando... Espero que estejam gostando dessa história que escrevi com tanto carinho.
Então, Joana deve confiar em Armando?







Vingança Redentora (parte 3)

Após algumas horas caminhando com Joana - ainda desacordada - sobre os ombros, Armando finalmente chegou à cabana. Era uma pequena casa de madeira, muito antiga a julgar pelo estado em que se encontrava. Possuía dois cômodos com alguns móveis velhos e empoeirados, e um banheiro nos fundos. Armando encontrou a cabana há algumas semanas, quando retornara a Zerdália para executar sua vingança contra Leopoldo Castro. Sua localização era perfeita: no centro de uma clareira cercada por árvores altas e vegetação densa que ficava no bosque, bem distante da cidade. Por sorte, ninguém os encontraria.
Armando abriu a porta e foi direto para o quarto, onde deitou Joana sobre os lençóis da velha cama. A jovem ainda estava profundamente desacordada, mas logo o efeito do líquido inalado iria terminar e ela despertaria. Teria que lidar com sua língua afiada, entretanto essa tarefa seria um tanto divertida. E, por que não, excitante? Não. Tinha que desviar seus pensamentos. Ele não era um canalha para desonrar e abandonar aquela moça - mesmo que o pai dela merecesse tal desgosto. E, por mais bela que ela fosse, teria que resistir aos seus impulsos e se focar apenas na vingança que teria a executar.
Sentou-se na cadeira ao lado da cama e aguardou até que ela acordasse.
Com a mente clareando lentamente, Joana foi se recordando dos acontecimentos. Lembrou-se dos olhos negros como a escuridão da noite, os mesmos olhos que transmitiam perigo e a atraíam de uma forma intensa, como nunca sentira antes. Sim, o estranho que estava em seu jardim... O que ele queria mesmo? Havia falado algo sobre uma vingança contra seu pai. Meu Deus, precisava alertá-lo!
Abriu os olhos e encarou o teto. Onde estava? Certamente não era em seu quarto, muito menos em sua cama confortável. Sentou-se e sentiu suas costas reclamarem. Estava sobre uma cama de aparência antiga e com um colchão bem duro. O quarto estava bastante bagunçado e repleto de teias de aranha nas paredes. Para onde ele a trouxera? O que faria com ela agora? Joana pensou, temendo o pior.
- Enfim, acordou... Agora posso dar início ao meu plano.
Assustada, ela se virou na direção da voz e o viu sentado numa cadeira. Seu corpo estremeceu diante de seu tom duro e frio, mas o que encontrou em seu olhar, fez com que sentisse calafrios - e não era de medo.
~~~~~~
Armando saiu do quarto e trancou a porta, deixando Joana sozinha. Estranhou o fato de a moça estar tão quieta diante a situação em que se encontrava, mas antes de deixar o quarto, teve a certeza que buscava ao observar sua expressão: ele também a afetava, não havia dúvidas. E, por mais que se sentisse atraído por aquela jovem, não poderia permitir que nada acontecesse entre eles. Seu foco principal era a vingança que tinha a concretizar para que pudesse ajudar sua mãe adoentada e recuperar o que lhes pertencia por direito.
Sentou-se numa das cadeiras que havia na sala juntamente com uma mesa. Retirou da sacola um pedaço de papel e lápis; escreveria um bilhete para Leopoldo e deixaria no quarto de Joana. Já imaginava a reação do homem ao descobrir o que acontecera a sua preciosa filha.
Armando olhou pela janela e viu os primeiros raios de sol no horizonte - teria que se apressar para não ser descoberto -, então, foi até a parte de trás da casa onde mantinha seu cavalo preso à margem do lago. Montou-o e saiu em direção a mansão do Sr. Castro.

~~~~~~~

- Seu Leopoldo! Seu Leopoldo! A menina Joana!
Neide, a empregada que cuidava de Joana desde que sua mãe falecera, descia desesperadamente as escadas da residência, gritando por Leopoldo.
- O que aconteceu, mulher? Por que essa gritaria toda? Será que não posso tomar meu café da manhã em paz? - Leopoldo respondeu rudemente sem sequer olhar na direção da empregada, que adentrou, sem fôlego, a sala de refeições.
- Seu Leopoldo, a menina Joana não está em seu quarto. Já procurei por toda a casa e não a encontrei! Só tinha esse bilhete na cama da menina.
- Como assim Joana não está em lugar nenhum? Não pode ser! Ela nunca sai sem me avisar... Dê-me logo este bilhete, Neide! - vociferou Leopoldo, ficando de pé.
Com as mãos trêmulas, a senhora de cabelos grisalhos e pele castigada pelo tempo, entregou o papel para seu patrão. Leopoldo leu rapidamente seu conteúdo, enquanto Neide observava seu rosto ficar pálido e seus olhos arregalarem-se.
- Não pode ser... - murmurou, buscando apoio na cadeira. - Esse assunto estava enterrado. Não pode ser! - gritou, jogando o bilhete no chão.
- Aconteceu alguma coisa com a menina, Seu Leopoldo? - a mulher perguntou, temendo o pior. Cuidava de Joana havia anos, tempo suficiente para criarem laços afetivos muito fortes uma pela outra. Morreria se algo ruim acontecesse àquela menina.
- Santiago! - berrou o Sr. Castro.
- Sim, senhor.
Da cozinha, surgiu um homem negro, alto e muito forte. Santiago era o capanga e melhor amigo de Leopoldo, quem executava todas as tarefas sujas.
- Reúna todos os homens! Revirem essa cidade até encontrarem Joana. Não parem até que ela esteja debaixo deste teto! - Leopoldo rosnou, enfurecido.
- Agora mesmo, senhor. - respondeu o capanga, prontamente, já girando o corpo para se retirar do aposento.
- E o mais importante, Santiago - acrescentou, olhando diretamente nos olhos do amigo - Eu quero a cabeça de quem estiver com ela.
- Entendido. - Santiago respondeu friamente, retirando-se.
 ~~~~~~
De dentro do quarto, Joana ouviu galopes de cavalo se afastando. Com certeza era o estranho misterioso, mas para onde estava indo? Correu até a porta para tentar fugir; diversas vezes forçou-se contra a pesada madeira e de nada adiantou - estava fortemente trancada. Recostou a testa contra a porta, se sentindo derrotada. Foi quando vislumbrou, no chão, um pedaço de papel com seu nome escrito. Pegou-o, era um bilhete:

"Voltarei daqui a pouco para conversarmos. Não tente fugir.
- Armando"

- Armando... - Joana sussurrou para si mesma, saboreando a sonoridade da palavra em seus lábios.
Enfim, soubera o nome daquele desconhecido que a atraía tanto. Não, não, não! Não podia permitir que Armando a afetasse. Tinha que se concentrar em descobrir o que ele faria a seu pai e porque a trouxera até aquele lugar.
Sendo assim, Joana se sentou na cadeira e aguardou impacientemente até que ele retornasse.

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- Atenção homens! - Santiago bradou para os outros capangas que haviam se reunido em frente à mansão, ante seu chamado. - Ao que parece, a senhorita Joana está desaparecida. O Sr. Castro quer que revistemos cada canto desta cidade a sua procura. E, quanto ao desgraçado que estiver com ela, darei uma boa recompensa a quem me trouxer sua cabeça.
Os colegas lançaram olhares maliciosos uns aos outros. Eram tão eficientes quanto cruéis e não poupariam esforços para receber tal recompensa.
- Agora vão! Não descansem até que Joana esteja dentro desta casa! - o chefe dos capangas gritou, despachando-os. O grupo se afastou rapidamente.
- Será que aconteceu alguma coisa ruim com a menina Joana, Santiago? - Neide perguntou pesarosamente, colocando-se ao lado do homem na varanda.
- Deus queira que não, Neide. Mas, pelo que Leopoldo me disse, se trata de vingança. E, quando se trata de vingança, as pessoas são capazes de qualquer coisa. - o capanga respondeu misteriosamente.
- Cristo tenha piedade da minha menina. - rogou Neide.
Em seu escritório, Leopoldo olhava para o papel em suas mãos. Não podia acreditar no que lia: o filho de Hugo Lopes, o homem mais ganancioso e vulnerável que já conhecera - ao qual usara para erguer seu rico patrimônio -, queria se vingar de todo o mal que causara à sua família. Ora, não tinha culpa se seu pai era um fracassado!
Entretanto, havia uma questão que intrigava Leopoldo: como Armando poderia saber de toda a história se era apenas um menino quando tudo aconteceu? Além dele mesmo e Hugo - morto há alguns anos -, apenas mais uma pessoa conhecia todo o ocorrido. Marta. Com certeza ela contou tudo ao filho, ainda mais agora que estava doente. Queria tirar dinheiro daquele que ela achava ser amigo de seu marido. Mas Leopoldo não lhe daria um centavo, mesmo que tivesse que ir até as últimas consequências.
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Duas horas depois, Armando retornou à velha cabana. Aproveitou a viagem à cidade para comprar comida e alguns suprimentos.
Foi até o quarto e encontrou Joana sentada na cadeira. Estava muito séria, segurando o recado que ele havia deixado antes de sair.
- Não se preocupe, seu pai já sabe que está comigo. Mas não onde estamos. - disse, sentando-se na cama e olhando para a moça. Ela continuava a fitá-lo seriamente, sem dizer uma palavra.
Estranhando seu comportamento, Armando começou a ficar preocupado. Será que ela estava em estado de choque, traumatizada ou algo do tipo?
Tentou uma abordagem mais tranquilizadora.
- De modo algum vou machucá-la. Apenas te sequestrei para atingir seu pai, sei o quanto ele a ama. Só quero recuperar o que ele tirou de minha família. Minha mãe está muito doente e não tenho dinheiro para ajudá-la. Faço isso por ela e pela memória do meu pai. - respirou fundo, repentinamente cansado.
Joana continuava séria.
              Aquele homem à sua frente parecia estar falando a verdade. Viu emoção em seus olhos ao mencionar a mãe. Deveria acreditar nele?

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