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LiteraCaxias (Conheça os autores) - Bruna Karyne



II LiteraCaxias – Conheça os autores
Por Marlon Souza


Conheça Bruna Karyne





Bruna Karyne autora de “11 contos e 1 fábula”, fã de Clarisse Lispector e Carlos Ruiz Zafón, vamos conhecê-la um pouco mais.  




Estúdio Literário – Então Bruna, quem é você?

Bruna Karyne – Adoro quando me fazem essa pergunta, porque nunca sei a resposta. Me descubro a cada momento, a cada segundo, com cada pessoa nova que conheço, a cada experiência que vivo e acredito que somos todos assim. Hoje, sou uma pessoa ainda muito indecisa, embora bem menos do que antes, imaginativa e absurdamente sonhadora. Sonho o tempo todo e sou feliz com o simples ato de pensar meus vários sonhos, infinitos, múltiplos, preponderantes. Talvez, na realidade, como só faço sonhar, e escrever é sonhar, eu seja, mais do que tudo e do fundo do meu coração, uma escritora. É essa palavra, esse modo de vida, esse estado de espírito que chegam mais perto de me definir.


Estúdio Literário – Poderia nos contar um pouco sobre seu livro?

Bruna Karyne – São dois. O primeiro, "11 contos e 1 fábula" é uma coletânea de 14 textos (11 contos, 2 crônicas e 1 fabula) que escrevi dos 13 ao 14 anos, ainda na escola e, por consequência, imersa naquele mundo de vestibular e trabalhos em grupo. Ele nasceu de um jeito tão espontâneo que chega a ser engraçado: quando tinha apenas 3 contos e NENHUMA pretensão de lançar um livro, minha mãe sugeriu, completamente de brincadeira, que eu o fizesse. Na minha inocência dos 13 anos, levei a sério a questão e decidi que ia lançar um livro. Uma vez que o sonho entra na cabeça, não tem mais jeito. Juntei, sem nenhuma pressa, um numero que considerei razoável de textos, montei meu livro e comecei a enviar para as editoras. Ele tem muito da Bruna daquela idade: os textos são de temas bem variados, de amizade a luto à maternidade e tantas outras coisas; e em todos o que trabalho é o sentimento dos personagens. Para mim, não importa tanto o que acontece no mundo exterior, mas o que afeta o personagem no seu interior, como ele reage às coisas, como as interpreta, como as percebe e sente. Toda a minha literatura, pelo menos, até agora é bem intimista e voltada para si mesma, porque i meu objetivo é explorar, investigar e mergulhar de cabeça nos sentimentos dos personagens e nos impactos da vida sobre eles. Ou seja, são textos bem psicologizados.

Nesse primeiro livro, faço isso através de contos. São leituras rápidas, fluídas e independentes, mas densas. Mesmo em um curto espaço, me propus esse desafio de investir no personagem e no seu conflito interior e, mais do que tudo, de tentar promover uma reflexão. Não queria e não quero escrever historias que saiam no automático e tenham um final feliz sem maiores motivos ou explicações. Quero, nos meus livros, tirar o leitor da posição de conforto e fazê-lo realmente pensar, investigar, se esforçar para entender aquele personagem que não é tão simples/fácil/certinho. Se falo de morte, violência, fim, é porque sinto a necessidade de discutir esses temas, de escancará-los, porque são riquíssimos e são ainda poucas pessoas que realmente se atrevem a discuti-los, talvez por receio da recepção de um público ainda muito acostumado a finais felizes e otimistas.

Já "Mizpah", meu primeiro romance, postado no Wattpad e que agora está no cap. 12, narra a história da Mia, uma adolescente depressiva e extremamente pessimista que vê a mãe morrer na sua frente, salvando-a de um atropelamento. O grande diferencial é a natureza da relação entre as duas: Mia e a mãe, Cristina, tinham uma relação conturbadíssima, incrivelmente turbulenta e nutriam uma pela outra um sentimento de raiva, culpa, remorso e decepção que acabava omitindo o amor que realmente sentiam. Mia não conhece a mãe, não entende suas atitudes e, para se proteger da rejeição, esforça-se para se tornar indiferente a mãe, para viver à margem dela e, com isso, se convence de que não se importa com Cristina, tamanho é o sofrimento que esta lhe causa. Mia lutou tanto para apagar a mãe da sua vida que, quando esta morre, a principio, ela se sente aliviada - não perderia mais o seu tempo sonhando em ter uma vida com a mãe, tendo esperança na relação tóxica das duas. Ela pensa, ingenuamente, que será o fim de toda a dor que Cristina lhe impunha. Como é menor, vai morar com o avô, que não via há 10 anos, e é subitamente jogada dentro de uma família que também não conhece e, pior ainda, não quer conhecer. Foi essa família que a relegou a viver com Cristina, foi essa família que a renegou, a abandonou, que sempre a rejeitou sem qualquer explicação além do ódio que sentem de Cristina. O grande esforço da vida da Mia foi o de tentar esquecer essa serie de abandonos que, repentinamente, são jogados na sua cara. Ela não sabe lidar nem se comunicar com essa família, tampouco tem interesse, por causa de todas as magoas que carrega no coração. E, no entanto, no fundo, os ama. A mesma coisa se segue com a mãe morta, só que pior: agora Mia não tem mais chances de ter qualquer coisa com ela, portanto, qual seria o sentido de admitir amá-la? Ela se encontra, tanto de um lado como no outro, estagnada na terrível escolha entre confiar novamente nas pessoas, abrir seu coração e se estraçalhar mais uma vez ou continuar sofrendo calada, segurando dentro de si todos os sentimentos e ressentimentos que a esmagam, isolada, solitária, abandonada - mas, de alguma forma, "segura" (se não se relaciona com ninguém, não se decepciona com ninguém). Perdão, confiança, morte e, sobretudo, apesar de tudo, AMOR são os temas dessa história. O que quero discutir é justamente como não é nada fácil amar, perdoar e SE PERMITIR ser feliz. E faço isso explorando as relações da família, em vez do tradicional romance de casal.


Espero poder apresentar meu trabalho e, quem sabe, inspirar outras pessoas a seguirem lutando pelos seus sonhos.



Estúdio Literário – Quais são seus livros preferidos?

Bruna Karyne – "A sombra do vento", de Carlos Ruiz Zafon; e "Clarice na Cabeceira", uma coletânea de contos da Clarice Lispector, minha autora preferida e inspiração.


Estúdio Literário – Quais são as dificuldades de ser um escritor? Quais foram as suas?

Bruna Karyne – A princípio, divulgação. Tudo que o escritor precisa é de uma chance. E, às vezes, isso é bem difícil. Quando se é autor nacional, desconhecido e estreante, pode ter certeza de que sim. As grandes editoras e livrarias, que são quem mais tem capacidade de fazer uma divulgação ampla, eficiente, de massa, tendem a se interessar por quem já é conhecido; ganhou algum prêmio; escreve em um estilo que costuma arrecada bastante, como chick-lit ou fantasia; ou, no mínimo, fez muito sucesso em outras plataformas, como, hoje, Amazon e Wattpad. Se o escritor vai para uma editora pequena ou se auto publica, perde justamente o marketing das grandes editoras, o que é um grande problema. Quem vai comprar seu livro se ninguém sabe que ele existe? Foi exatamente essa a minha dificuldade. Escrevi meu livro com todo o meu coração, trabalhei, me esforcei. Para mim, era isso. Dali a pouco, poderia morrer de amores quando visse alguém lendo-o na rua ou quando me deparasse com ele na vitrine de alguma loja. Delirava de felicidade. Conforme fui crescendo e meu livro, na verdade, 1000 exemplares dele, bateram à minha porta, tive que amadurecer à força. Achava que o meu trabalho se resumia a escrever, mas, quando a editora pouco se mobilizou para colocar meu livro nas livrarias, entendi que, mesmo não entendendo nada de mercado literário, eu teria que mergulhar de cabeça nesse mundo e lutar pelo meu livro. Conheci blogueiros, autores, leitores e acumulei experiências incríveis, dentre elas a Bienal. Antes, no entanto, sentia-me perdida, culpada, sem saída e até inútil, porque não sabia o que fazer em prol do meu trabalho. Me desiludi bastante e sofri, claro... Imagina aquela menininha de 13 anos, que só sonhava em ver seu livro nas livrarias, atolada em caixas e mais caixas de exemplares de que ninguém nunca ouviu falar. Demorou até a Bruna de 17 anos entender que ela podia, sim, tornar aquele sonho realidade. Mas, enfim, entendi. E estou aqui agora.



Estúdio Literário – Está animada com o LiteraCaxias? O que podemos aguardar de sua participação?


Bruna Karyne – To nervosa e animada, (risos). Estarei entre amigos queridos, o que me acalma, mas sempre sinto esse friozinho na barriga com a expectativa de um evento. Espero poder apresentar meu trabalho e, quem sabe, inspirar outras pessoas a seguirem lutando pelos seus sonhos. Podem aguardar muita fala (já deu para perceber que sou tagarela, né?), empenho e, sobretudo, amor.



Então pessoal essa foi a entrevista de hoje, talvez não dê pára conhecer mais autores até o LiteraCaxias, pois estou agitando tudo para o lançamento, além da faculdade e trabalho que não posso deixar jogados, mas já dá para perceber que o LiteraCaxias será mais que especial... Que venho dia 18 hehe







Conheça o evento:





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